“Este livro, que vida havendo e saúde não faltando terá continuação, é um diário. Gente maliciosa vê-lo-à como um exercício de narcisismo a frio, e não serei eu que vá negar a parte de verdade que haja no sumário juízo (…). Escrever um diário é como olhar-se num espelho de confiança, adestrado a transformar em beleza a simples boa aparência ou, no pior dos casos, a tornar suportável a máxima fealdade. Ninguém escreve um diário para dizer quem é. Por outras palavras, um diário é um romance com uma só personagem. Por outras palavras ainda, e finais, a questão central sempre suscitada por este tipo de escritos é, assim creio a sinceridade.
José Saramago, Introdução a Cadernos de Lanzarote Diário – I
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